Por Tomas Porto
O Flamengo venceu o Nova Iguaçu por 3 a 0, no início da noite deste sábado (30), em jogo válido pela primeira partida da final do Campeonato Carioca. Pedro balançou a rede duas vezes, enquanto Ronald fez um gol contra no Maracanã. Porém, um detalhe que chamou a atenção foi a presença de Carlinhos, destaque do Nova Iguaçu, mas que acertou na última sexta-feira (29) sua ida ao Flamengo, a pedido do técnico Tite.
Além da aprovação de Tite, o departamento de scout do Flamengo vinha acompanhando de perto o desempenho do jogador. Com a suspensão de Gabigol, é provável que haja mais oportunidades para os atacantes concorrerem por uma vaga no time titular do Fla. Salientando que o clube carioca pagou 600 mil euros (R$ 3,2 milhões) ao Nova Iguaçu pela contratação do atacante Carlinhos.
Porém, o artilheiro revelado pelo Corinthians deu fortes declarações a uma entrevista exclusiva para o portal OGLOBO. Carlinhos citou a emoção de voltar a grande fase nesta temporada, mas também lembrou momentos delicados de sua carreira.
"Cada gol neste Campeonato Carioca significou o prazer de retomar minha carreira. Um alívio. Eu passei por muitas humilhações. Pessoas falavam na minha cara: 'Você vai ser uma eterna promessa, não vai chegar mais'. Esses gols simbolizam a persistência."
"No Corinthians eu me perdi um pouco. Subi muito jovem, na esperança de ser um fenômeno e receber propostas. Fui na onda. Mas subi para o profissional tendo que fazer duas cirurgias. Começaram a bater as frustrações, a imprensa e a torcida criticando, e eu não sabia lidar. Nasci em Jaú-SP e estava sozinho em São Paulo, não tinha ninguém para desabafar. Eu peguei uma depressão feia. Agora estou voltando a ser feliz. Eu chorava à toa no campo, só queria ficar deitado, não tinha vontade de nada, não conseguia dormir à noite."
"A gente não cresce com maturidade. Vamos ser sinceros, a gente que é de periferia é criado pelo sistema. O que é o sistema? O sistema é 'Carlinhos vai ganhar dinheiro, fazer bagunça, filho, e depois morrer de cirrose'. Se você não tiver uma blindagem emocional, vai de ralo. Eu precisava recomeçar. Saí do Corinthians e dei aquelas rodadas pelos clubes, para pegar bagagem."
"Em 2021, eu estava no Audax e meu pai me ligou, falando que minha mãe estava tendo uns desmaios. Ela tinha caído e batido o rosto. Aí meu pai falou que ela estava com um tumor do tamanho de um limão no crânio. Eu desabei. Foi a primeira vez que chorei um choro da alma. Depois da cirurgia, minha mãe só respondia apertando meu dedo. Eu decidi parar de jogar. Parei por um ano. Sei que o futebol passa rápido, mas decidi cuidar dela, porque mãe é uma só, o amor ao futebol não é superior à família. Hoje, minha mãe está melhor, falando, comendo, mas está cega. A operação tem 3 anos. São as pessoas que se importam com você de verdade, o resto é conversa."
"Voltei a jogar no ano passado e foi muito difícil, porque jogador não pode parar nem por dois dias. Fui para o Camboriú (SC) e joguei muito bem. O Nova Iguaçu me ligou e eu vim. Aqui, me trataram como ser humano. Todo dia me chamaram para conversar, perguntando como estava minha mãe. Eu trabalho mais feliz. Esse acolhimento está sendo importante."
"Além da Bíblia, eu gosto de ler bastante sobre desenvolvimento pessoal. Nós, jogadores, crescemos com aquele complexo de que 'jogador já nasceu burro, não sabe ler'. Não. Tem muito jogador inteligente.", completou Carlinhos.
Antes de apresentar oficialmente pelo Flamengo, Carlinhos fará o seu jogo de despedida cm a camisa do Nova Iguaçu, justamente contra o Fla, no próximo domingo (7), pelo jogo de volta da grande final do Campeonato Carioca.
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